Intervalo

Poema Infantil

Adoro ter um blogue
É tão fixe
Que até fico grogue.

Um blogue é uma coisa linda
Gosto dele todos os dias
Mais ainda quando estou com a pinga.

Obrigado aos visitantes
Vieram, gozaram e... foram
Tal como os amantes.

Muitos comentários: julgas-te criativo
Pára lá e pensa:
Não será por seres amigo?

Há blogues umbiguistas
Poéticos, brincalhões e intimistas
Sairam-me todos cá uns artistas!

O palhaço vai embora
É rápido...
Não é até já, é até agora.

Um blogue dá uma pica do carago
É preciso parar
Para não ser um encargo!

Voltarei um dia
O palhaço vai voar
Para outra via.

A Representação do Eu nos Dias 6

B Berenika

Queres mudar a realidade?
Muda a forma como representas a (e na) realidade.

O Viajante Imóvel 15

'Ninguém Sabe', de Hirokazu Koreeda, Jap., 2004

'Deus não vai manifestar a sua obra nos cobardes'.

Ralph Waldo Emerson

Tarde de calor, sala deserta, um filme avassalador - ninguém sabe... está tudo ocupado com o código.

O Grande Teatro do Mundo 3

"Acabamos sempre por encontrar qualquer coisa que nos dê a impressão de existirmos, hem, Didi?"

'A Espera de Godot', Samuel Beckett

Teatro Meridional, TNSJ

Brinquedos Ópticos 4

cdominguez

Sempre que vai ao cinema, e vai muitas vezes, compra um bilhete para a primeira fila e senta-se de costas para o ecrã.
Diz que prefere a luz às sombras...

O Viajante Imóvel 14

Jean-Baptiste Mondino

Brinquedos Ópticos 3

Eugenia Maximova

O leitor de contadores

Estava a dormir ferrado e a campainha tocava com uma insistência desgraçada. Lá me levanto e, furioso, olho para ver quem estava à porta. Pelo boné e pela pinta parecia o homem da luz. Lá lhe abri a porta. Diz ele:
‘- Bão dia! Era para a leitura do contador.’
Quando me preparo, meio envergonhado por ainda estar de pijama, para lhe dar acesso ao contador da luz, diz ele:
‘- Nãaaa amigo! O senhor ainda está a dormir. Eu não quero fazer a leitura do contador da luz, eu vim fazer a leitura do contador do blog!’
De repente, alguns neurónios finalmente acordaram e, pasmado, pergunto ao homem porque é que não faz a leitura pela Internet.
‘- Ó amigo, eu lá tenho tempo para a Internet. Sabe a quantidade de contadores de blogs que eu visito todos os dias?’
Nem me atrevi a responder. Pela dimensão da blogosfera, presumi logo que deviam ser muitos. Enquanto estava nestes pensamentos, o homem lá analisava o meu contador, quando de repente dispara:
‘- Éeeeee lá! Isto tá mau! Já viu, tem oitenta e tal postes e uma miséria de visitas! Tenho que avisar a central. Bamos ter que fechar isto.’
Assustado, insisti com o homem para me deixar a loja aberta. Diz ele:
‘- Bem, como você tem cara de bom rapaz, eu vou deixar passar. Mas tem que ser visitado mais vezes. Vou-lhe contar um segredo para resolver o problema.’
Baixou a voz e disparou:
‘- Ó homem visite-se a si próprio! Vá ter consigo mais vezes.’
E foi-se embora.

Brinquedos Ópticos 2

Zabaa

A luz no fundo do túnel

Tenho um amigo tão pessimista que quando lhe aparece uma luz no fundo do túnel, pensa que é um comboio que vem em sentido contrário.
É terrível ser-se atropelado pela luz no fundo do túnel...

A Representação do Eu nos Dias 5

Artur

Isso passa com o tempo...

Há anos que ouço uma pessoa mais velha - bastante mais velha - a dar conferências sobre atitudes e comportamentos para melhorar a nossa eficácia interpessoal. Lembro-me que no início tudo soava a sermão, imposição ou receita.

Hoje observei esses momentos perante uma plateia de jovens bem sucedidos, 'bonitos' e cheios de energia. As palavras do orador pareciam-me sábias e fundamentais, a reacção era 'fala para aí...'

Geralmente, quando somos novos, o mundo começa e acaba na ponta do nosso nariz, pensamos que já sabemos tudo e desprediçamos essa fonte inesgotável de sabedoria que é a experiência dos mais velhos. Passado muitos anos, aprendemos, batendo com a cabeça, aquilo que já nos tinha sido dito... só que não ouvimos porque não estavamos disponíveis...

Talvez tenha que ser assim, talvez tenhamos que aprender com as nossas quedas, talvez a sabedoria só deva existir quando já não temos muito tempo para a aplicar sobre a terra.

Não há que estar muito preocupado com a arrogância da juventude - isso passa com o tempo...

O Viajante Imóvel 13

É hoje!
É muito simples: ligar a tv na 2:, desligar telemóveis, apagar a luz e fechar as portas.
Estaremos perante o espelho algum tempo. Podemos não gostar do que ele reflecte, mas cada dia em cima da terra é um bom dia...

A Representação do Eu nos Dias 4

Sabinsen

'A cada sentimento, a cada movimento do espírito corresponde uma respiração que lhe é própria.'

A. Artaud

A Representação do Eu nos Dias 3

PV no céu da Madeira em Maio de 2006

Quando me preparava para começar a aula e expor a mais extraordinária teoria moderna sobre o assunto, entra uma aluna apressada, senta-se, tira o casaco e mostra afirmativamente as palavras que estavam escritas na t-shirt: Don´t Say It, Play It!

Fiquei sem voz....

Brinquedos Ópticos 1

PV no céu da Madeira em Maio de 2006

E a Azeitona?

Todos os dias ia jantar ao mesmo sítio. E todos os dias pedia uma salada (no meio do voo é sempre bom ter pequenas rotinas para sentir melhor os espaços). E todos os dias a salada trazia uma (note-se uma, nem mais, nem menos) azeitona. Todos os dia olhava para ela e esperava pelo momento certo para atacar. Agradava-me a ideia de ser só uma - o que a tornava especial e tinha que ser comida com uma dedicação particular. No último dia, algo estava diferente: todo o restaurante estava revestido com bandeiras de Portugal. Quando veio a salada reparei que a azeitona não estava no topo como habitualmente. Procurei por todo o lado, não fosse ter deslizado parar baixo do tomate... e... nada...

Será que eles pensam que nós não notamos que nos estão a tirar a azeitona?

A Representação do Eu nos Dias 2

Sven Becker

Quanto mais verdadeiro, menos vulnerável.

Monólogos da Imagem 15

PV no céu da Madeira em Março de 2005

Viajar no Trabalho

Viajar em trabalho é algo que faço de vez em quando. Fico sempre um pouco dividido quando se aproxima o momento: por um lado vou viajar (descobrir, sair, voar, conhecer, patatí, patatá...), por outro lado vou trabalhar (responsabilidade, objectivos, horários, patatí, patatá...). Não me sinto com a liberdade total da viagem e tenho a responsabilidade do trabalho... digamos que é um voador com pouco palhaço.

Acho que a sensação deve ser semelhante aquele que está prestes a cometer uma pequena infidelidade amorosa: por um lado, quer descobrir, mas, por outro, tem qualquer coisa que o está sempre a preocupar e que o limita na descoberta.

Talvez a solução seja deixar de viajar em trabalho e passar a viajar no trabalho. Quem disse que a responsabilidade não pode ser divertida?

Até para a semana.

O Grande Teatro do Mundo 2

'Quarto Interior', Criação Circolando, Teca

'A minha casa é diáfana, mas não é de vidro. Tem antes a constituição do vapor. As suas paredes condensam-se e expandem-se segundo o meu desejo. Por vezes, aperto-as em torno de mim, como uma armadura de isolamento... Mas, às vezes, deixo-as expandirem-se no espaço que lhes é próprio, o da extensão infinita. A minha casa é cela e é mundo. Transcende a geometria'.

Georges Spyridaki

A Representação do Eu nos Dias 1

Nikolay Atanasov

Por todos os motivos, isto é pessoais e profissionais, passo os meus dias entre as artes e as empresas (com o objectivo de levar as primeiras às segundas). Começo a perceber que são mais as coisas que as unem do que as que as separam. Há uma palavra comum: projectos.

Reunião de empresa: projecto x, y, z; reunião de actores: projecto a, b, c. Em ambos os casos, não sabemos se os projectos vão mudar alguma coisa; em ambos os casos, as pessoas mostram muitas ideias e força de vontade; em ambos os casos há sonho; em ambos os casos convém que se ganhe dinheiro no final... espera aí, correcção, nas empresas só se pode sonhar se der dinheiro.

Monólogos da Imagem 14

P Malkievicz

'Não interromperemos as explorações. E no final das nossas buscas, chegaremos ao sítio onde começamos e olhá-lo-emos como se fosse a primeira vez'.

TS Eliot

O Viajante Imóvel 12

'O Novo Mundo, Terence Malick'

'Se a palavra que vais dizer não é mais bela do que o silêncio, não a digas'.

Parábola Sufi

Saltos Altos 4

Mário de Sá-Carneiro

O Viajante Imóvel 11

PV no céu do Porto em Maio de 2006

Sempre gostei de brinquedos de madeira. De vez em quando, o meu olhar foge do ecrã do computador e fico a olhar para eles e a lembrar-me de quem mos deu ou do lugar onde os comprei. A maior parte das vezes nem lhe toco, fico a brincar mentalmente com todas as suas possibilidades.

Tenho um carinho especial por este avião.

É incrível os lugares onde se pode ir só a olhar para um objecto...

Monólogos da Imagem 13

PV numa estação de comboios de Colónia em Agosto de 2004

'Sometimes you have to go a longway out of your way to come back a short distance correctly'.

Edward Albee

Monólogos da Imagem 12

PV no céu do Porto em Maio de 2006

Que tipo de criatividade nasce de alguém que nunca é incomodado?

Saltos Altos 3

'L'enfant', de Luc Dardenne e Jean-Pierre Dardenne

Exceptuando aqueles que não sentem de todo essa inquietação, tenho alguma dificuldade em digerir as desculpas das pessoas da minha geração para o facto de não terem filhos. Cada vez me parece mais claro que vencer o desafio de ter um filho, no que implica de transformação, altruismo e grande voo, e, ao mesmo tempo, conseguir manter os sonhos individuais 'egoistas' de cada pai é o acto supremo de criatividade.

Saltos Altos 2

Amelka Amelka

'É indigno de qualquer homem deixar de tentar o impossível'.

Thomas Hanna