' A cegueira e a loucura (“É sinal dos tempos serem os cegos guiados por loucos”) são os pilares do mundo erguido em O Rei Lear, muito provavelmente a peça do cânone shakespeariano que mais temor e controvérsia tem gerado junto de críticos, encenadores e actores, atraídos e repelidos pela sua desmesura (“irrepresentável”, dizem eles), e confundidos pela sua ambígua imoralidade (o triunfo da injustiça, a redenção como uma quase impossibilidade). João Garcia Miguel traduziu e esquartejou o texto (burgher é aqui sinónimo de carne picada e cidadão), criando uma partitura bilingue que Anton Skrzypiciel e Miguel Borges interpretam em chave clownesca – a ternura pacificando a ira, a farsa amplificando a tragédia. Para o encenador, Lear é “um rei que se sente velho e quer voltar a ser homem”, que é como quem diz que estamos perante a “invenção do humano”. Harold Bloom cunhou a expressão, João Garcia Miguel arriscou transformá-la em coisa teatral. Representável, portanto.'
Programa TNSJ-TECA
2 comentários:
Olá!
Encontrei este espaço, noutros ventos.
Adoro o conceito clown, já fiz um curso, e foi uma descoberta de vida...
Infelizmente não sabia deste espectaculo, e hoje já é longe demais....
Vou voltar a este palhaço que voa, assim como se voa neste espaço com letras...
AMIGO, o teu blog enriquece-nos dia-a-dia.
é bom sentir, que apesar da distancia há sempre um "blog" que nos aproxima de casa e dos amigos.
Até breve e obrigada por todo esta boa energia!
Zita
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