ENTRE O PRAZER E O SIGNIFICADO

segunda-feira, abril 30

A Poética de um Clown 6

Veronica Petrova


‘O clown é a poesia em acção’
Henry Miller

Segundo Roberto Ruiz, a palavra clown vem de clod, que se liga, etimologicamente, ao termo inglês "camponês" e ao seu meio rústico, a terra. Por outro lado, palhaço vem do italiano paglia (palha), material usado no revestimento de colchões, porque a primitiva roupa desse cómico era feita do mesmo pano dos colchões: um tecido grosso e listrado, e alcochoado nas partes mais salientes do corpo, fazendo de quem a vestia um verdadeiro "colchão" ambulante, protegendo-o das constantes quedas.
Na verdade palhaço e clown são termos distintos para se designar, na essência, a mesma coisa. As diferenças consistem nas linhas de trabalho. Como, por exemplo, os palhaços (ou clowns) americanos, que dão mais valor ao gag, ao número, à ideia; para eles, o que o clown vai fazer tem um maior peso. Por outro lado, existem aqueles que se preocupam principalmente com o como o clown vai realizar o seu número, não importando tanto o que ele vai fazer; assim, são mais valorizadas a lógica individual do clown e a sua personalidade; essa forma de trabalhar é uma tendência para uma abordagem mais pessoal. Podemos dizer que os clowns europeus seguem mais essa linha.

O clown tem as suas raízes na baixa comédia grega e romana, com os seus tipos característicos, e nas apresentações da commedia dell'arte. Nas festividades religiosas e nas apresentações populares da Antiguidade, havia uma alternância entre o solene e o grotesco. Esse é um facto comum a povos distintos: dos gregos até os aborígenes da Nova Guiné, passando pelos europeus da Idade Média ou pelos lamaístas do Tibete.
Esta combinação do cómico e do trágico acentua a percepção de emoções contrapostas e é muito peculiar no clown. Para Shklovski, o clown faz tudo seriamente. Ele é a encarnação do trágico na vida quotidiana; é o homem assumindo a sua humanidade e a sua fraqueza e, por isso, tornando-se cómico.

Existem dois tipos clássicos de clowns: o branco e o augusto. O clown branco é a encarnação do patrão, o intelectual, a pessoa cerebral. Tradicionalmente, tem o rosto branco, vestimenta de lantejoulas (herdada do Arlequim da commedia dell'arte), chapéu cônico e está sempre pronto a ludibriar o seu parceiro em cena. Modernamente, ele apresenta-se, muitas vezes, de smoking e de laço.
O augusto é o tolo, o eterno perdedor, o ingénuo de boa-fé, o emocional. Ele está sempre sujeito ao domínio do branco, mas, geralmente, supera-o, fazendo triunfar a pureza sobre a malícia, o bem sobre o mal. Adoum afirma que a relação desses dois tipos de clowns acaba representando cabalmente a sociedade e o sistema, e isso provoca a identificação do público com o menos favorecido, o augusto. Podemos considerar que o verdadeiro e autêntico clown é o augusto, o branco nunca o chega a ser verdadeiramente.

O clown é a exposição do ridículo e das fraquezas de cada um. Logo, ele é um tipo pessoal e único. Uma pessoa pode ter tendências para o clown branco ou para o clown augusto, dependendo da sua personalidade. O clown não representa, ele é – o que faz lembrar os bobos e os bufões da Idade Média. Não se trata de um personagem, ou seja, uma entidade externa a nós, mas da ampliação e dilatação dos aspectos ingénuos, puros e humanos (como nos clods), portanto "estúpidos", de nosso próprio ser. François Fratellini, membro de tradicional família de clowns europeus, dizia: "No teatro os comediantes fazem de conta. Nós, os clowns, fazemos as coisas com verdade."

O trabalho de criação de um clown é extremamente doloroso, pois confronta o artista consigo mesmo, colocando à mostra os recantos escondidos da sua pessoa; vem daí o seu carácter profundamente humano.
Adaptado de Luís Otávio Burnier

segunda-feira, abril 23

Brinquedos Ópticos 22

Steve Chong

'Estendeu os braços carinhosamente e avançou, de mãos abertas e cheias de ternura. - És tu Ernesto, meu amor? Não era. Era o Bernardo. Isso não os impediu de terem muitos meninos e não serem felizes. É o que faz a miopia.'

Mário-Henrique Leiria, Contos do Gin-Tonic

sábado, abril 21

O Viajante Imóvel 27

' Honra de Cavalaria', Realizado por Albert Serra, Espanha, 2006

Água, Terra, Fogo, Vento. Cinema em estado puro. Imagens que respiram e ajudam a respirar. A essência das coisas é da ordem poética. Olha para o céu Sancho!!

quarta-feira, abril 18

Pay Attention

Para professores abertos à Pedagogia Pop.
(obrigado Sol).

sábado, abril 14

Dias de Coimbra



'- Sabem quantas pessoas tem havido desde o princípio do mundo até hoje?
- Duas. Desde o princípio do mundo até hoje não houve mais do que duas pessoas: uma chama-se humanidade e a outra indivíduo. Uma é toda a gente e a outra uma pessoa só.
Um dia perguntaram a Demócrito como tinha chegado a saber tantas coisas. Respondeu: perguntei tudo a toda a gente.
Bastantes séculos mais tarde Goethe confessou por sua própria boca que “se lhe tirassem tudo quanto pertencia aos outros, ficava com muito pouco ou nada”.
Por aqui se vê que cada um é o resultado de toda a gente; o que de maneira nenhuma quererá dizer que seja o bastante ter cada qual conhecido toda a gente para que resulte imediatamente um Demócrito ou um Goethe! Precisamente o difícil não é chegar aos grandes, mas a si próprio!... Ser o próprio é uma arte onde existe toda a gente e que raros assinaram a obra-prima.
O que está fora de dúvida é que cada um deve ser como toda a gente, mas de maneira que a humanidade tenha efectivamente um belo representante em cada um de Nós.'
ALMADA NEGREIROS

segunda-feira, abril 9

Noites de Veludo





Fotos: PV. Porto. Abril. 2007

quinta-feira, abril 5

Manah Manah

Encontrei este manah manah num blog de gente que peca com arte. Gente muito bonita...

‘Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better.’

‘Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better.’