ENTRE O PRAZER E O SIGNIFICADO

quarta-feira, julho 29

O Viajante Imóvel 44

.
.
.

Um filme de Jim Jarmush

.
o universo não tem centro nem tem arestas
.

cada ser humano é um planeta rodopiando em êxtase
.
.
.

terça-feira, julho 28

Mudar de Casa

.
.



É bom mudar de casa, de janela,
arrumar de outra maneira as ilusões,
tratar de coisas puras como tintas
e sofás, pôr ordem entre os livros
e a vida, simular a liberdade.
Parece-nos possível voltar a acreditar
na mão que nos estende um pé de salsa,
na pechincha da beleza, quando passa
no poente da razão.
Apetece cometer uma loucura,
comprar um telescópio, decorar
o canto nono dos Lusíadas,
subir umas escadas do avesso,
pensar que nunca mais teremos frio.


José Miguel Silva. Foto de Kan Gory Paw

.


segunda-feira, julho 27

MR.BUNK

.
.





.
.
MR. BUNK: Um clown de rua perfeito
.

domingo, julho 26

.
.

.

.

domingo, julho 19

CRY FOR BOBO

segunda-feira, julho 13

.
.
.
.
.

.
.
.
.

.

.

‘A nossa mente original inclui em si todas as coisas. Ela é sempre rica e auto-suficiente. Não deves perder esse estado mental auto-suficiente. Isso não implica uma mente fechada, mas antes uma mente vazia e alerta. Se a tua mente está vazia, está sempre pronta para qualquer coisa; ela está aberta a tudo. Na mente do principiante há muitas possibilidades, mas poucas são as que existem na do perito.

.

Na mente do principiante não há pensamentos do tipo “Eu atingi alguma coisa”. Todos os pensamentos egocêntricos limitam a nossa mente imensa. Quando não alimentamos qualquer pensamento de conquista nem qualquer pensamento egocêntrico, somos verdadeiramente principiantes. Então podemos aprender verdadeiramente alguma coisa. A mente do principiante é a mente de compaixão. Quando a nossa mente é compassiva torna-se ilimitada.

.

Esse é também o verdadeiro segredo das artes: ser sempre um principiante.'

.

.

.

.

.

Shunryu Suzuki. Foto de Phillip Mckay


.
.


domingo, julho 12

Porto

.
. .
.
.
Tudo me prende à terra onde me dei:
.
O rio subitamente adolescente,
a luz tropeçando nas esquinas,
as areias onde ardi impaciente.
...
Dizem que há outros céus e outras luas
e outros olhos densos de alegria
mas eu sou destas casas, destas ruas,
deste amor a escorrer melancolia.
.
.
.
Eugénio de Andrade. Canção Breve. Quadro de Aguiar Armando.
.
.

Be proud when you are dancing, Mary!

Dança... linda e feliz. Deixa essa luz vir para fora. O tempo pára quando danças para mim.

sexta-feira, julho 10

.
.
.
.
No lugar dos palácios desertos e em ruínas
À beira do mar,
Leiamos, sorrindo, os segredos das sinas
De quem sabe amar.
.
Qualquer que ele seja, o destino daqueles
Que o amor levou
Para a sombra, ou na luz se fez a sombra deles,
Qualquer fosse o voo.
.
Por certo eles foram mais reais e felizes.
.
.
.
Fernando Pessoa. Fotograma de Aurora, Murnau.

quinta-feira, julho 9

Dias de Lisboa

domingo, julho 5

Homo Faber 36

.
.
.



'Não podemos querer que as coisas mudem, se fazemos sempre o mesmo. A crise é a maior benção que pode acontecer às pessoas e aos países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, assim como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem os inventos, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise supera-se a si mesmo sem ter sido superado.

Quem atribui à crise os seus fracassos e penúrias, violenta o seu próprio talento e respeita mais os problemas do que as soluções.

A verdadeira crise é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a dificuldade para encontrar as saídas e as soluções. Sem crises não há desafios, sem desafios a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crises não há méritos. É na crise que aflora o melhor de cada um, porque sem crise todo vento é uma carícia.'

.

Einstein. Foto de Benjamin Whitmer

O Viajante Imóvel 43

.
.
.
.
.
.
'Gosto do que disse sobre o facto de o ecrã ser algo revelador. É essa a liberdade do cinema. Gosto de rir, de chorar, gosto de viver coisas no cinema. No início o cinema era como uma feira. Na projecção de L'arrivé d'un Train en Gare de La Ciotat ( Lumière, 1895) as pessoas davam passos atrás porque pensavam que o comboio ia atropelá-las. Isso perdeu-se hoje. Por isso quis com o filme que os espectadores, sentados na sala de cinema, fossem atravessados pela auto-estrada do filme. Que fosse algo da ordem da experiência.
.
É uma parabola sobre o medo dos outros: afinal, mais vale estar no meio dos outros, mesmo se o mundo é agressivo e poluente. É melhor fazer parte de...'

Ursula Meier

sábado, julho 4

.
.
.

Quero pessoas com
INTUIÇÃO, ESPONTANEIDADE, GENEROSIDADE, VERDADE E LEALDADE.
.
.
.
Não me apetecem pessoas com
DEMASIADA INTELIGÊNCIA, MUITA CULTURA, EGOS PODEROSOS E CHEIOS DE PINTA.
.
.
.
A GERÊNCIA AGRADECE.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.

quarta-feira, julho 1

This one is for you dear SL.

.
.
.

.

.

.

'Há decisões que se tomam e que se lamentam a vida toda e há decisões que se amarga o resto da vida não ter tomado.

.

E há ainda ocasiões em que uma decisão menor, quase banal, acaba por se transformar, por força do destino, numa decisão imensa, que não se buscava mas que vem ter connosco, mudando para sempre os dias que se imaginava ter pela frente.

.

Às vezes, são até estes golpes do destino que se substituem à nossa vontade paralizada, forçando a ruptura que temíamos, quebrando a segurança morta em que habitávamos e abrindo as portas do desconhecido de que fugíamos.'

.

.

.

.

.

.

.


MST. Foto de Danijel Kolega

.


A Poética de um Clown 34

.
.
..
.
.

.
'Cada criatura que passava arrastava consigo uma cauda - poalha luminosa de oiro ou cinza, feita de luar ou de escarlate. Lentamente pôde distingui-los, classificá-los, conforme o manto régio ou pobre que traziam. E na noite havia-os que deixavam um grande rasto rútilo, como estrelas cadentes, onde gemiam ais de mágoa, prolongados como um som de viola que se parte. Míseros, ressequidos e sacudidos pela dor, traziam uma cauda cor-de-cinza, com chuveiros de miríades de centelhas de lágrimas, e a poetas nimbava-os uma poalha de luar e de oiro. Velhas ardidas eram envolvidas por uma atmosfera baça, onde o imortal amor ainda luzia. E alguns deixavam atrás de si restos de mantos todos púrpuras, que se iam perder na lama e no esquecimento; outros, criminosos decerto, caminhavam numa nuvem negra, onde pedaços sangrentos escorriam como punhaladas, e havia-os todos verdes, de cambiantes infinitos. Muitos arrastavam caudas enormes pela lama, despedaçavam-nas de encontro às esquinas, e alguns procuravam deitá-las fora para não mais pensarem num passado tenebroso.
.
- O homem material - pensava o Palhaço - não existe. A vida é uma convenção. O que existe é sonho, o sonho é a única realidade. Sonhar! Sonhar!...'
.

Raul Brandão. Fotograma de Freaks. Tod Browning
.
.
.
.
.
.

‘Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better.’

‘Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better.’