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Lembro-me de ver lá cinema nas piores condições... mas já o sentia como um espaço especial. Depois começou a apresentar algum teatro e, como não havia muito dinheiro, ia ver as peças para o"galinheiro". Também não fazia mal, nessa altura as peças raramente eram mais interessantes do que o edifício e lá em cima sempre tinha uma visão privilegiada dos tectos...
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Depois foi atribuída a gestão a Ricardo Pais, e durante este período (onze anos) o Teatro Nacional São João (e depois o Teatro Carlos Alberto) foi um dos motivos de orgulho para quem gosta de teatro e vive no Porto.
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Foram salas onde vi e aprendi teatro, conheci pessoas, fiz amigos, discuti com paixão os textos, as representações, a encenação, a dramaturgia, o movimento, aquele pormenor da luz...
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Salas onde o Porto passou a ser o centro do mundo nos festivais internacionais de teatro, acompanhados com os amigos como uma viagem intensa e muito confortável que nos era oferecida no Inverno.
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Salas que também permitiram ver os criativos locais que foram aparecendo, entusiasmando (ou não...) e desaparecendo.
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Ir a estes espaços tornou-se um hábito necessário, como quem vai visitar um amigo e já se sente em casa. Ajudou a simpatia das pessoas, de quem nos recebe, e os preços convidativos.
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Durante estes anos, levei diferentes pessoas às estreias, e cada peça esteve associada a alguém e a um momento vivencial. Noites em que saímos com nevoeiro, noites de calor ou noites de chuva intensa... e o Batalha sempre a espreitar. Bebemos um copo ou vamos dormir? O que é que achaste da peça? Gosto em conhecer-te, até à próxima! Vamos esperar pelos actores, quero dar um abraço ao meu amigo, etc., etc., etc.
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Ontem, na estreia de O Mercador de Veneza, com a saída anunciada do Ricardo Pais, fiquei com a sensação de que foram tempos mesmo muito especiais, daí este post.
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Não sei como vai ser daqui para a frente, mas o teatro no Porto nunca mais vai ser igual.
Nem eu.
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