ENTRE O PRAZER E O SIGNIFICADO

quinta-feira, janeiro 15

Homo Faber 32

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Gilbert Garcin

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'As ruínas mostram-nos a loucura que é renunciarmos à nossa paz de espírito em nome das recompensas instáveis do poder terreno. Através da sua contemplação poderemos sentir a ansiedade resultante das nossas realizações – ou falta delas – esmorecer. Que importa que não tenhamos sido bem sucedidos aos olhos dos outros, que não haja monumentos ou procissões em nossa honra e que ninguém nos tenha dirigido um sorriso numa festa? Seja como for, tudo está destinado a desaparecer (...).

As ruínas convidam-nos a renunciarmos às nossas imagens de perfeccionismo e sucesso. Recordam-nos que não podemos desafiar o tempo e que somos meros joguetes de forças destrutivas que poderão, na melhor das hipóteses, ser mantidas à distância, mas nunca vencidas. Podemos gozar pequenas vitórias, alguns anos em que somos capazes de impor um certo grau de ordem sobre o caos, mas tudo estará, em última instância, destinado a diluir-se novamente num caldo primordial.

Se esta perspectiva tem o poder de nos consolar, talvez isso se deva ao facto de grande parte das nossas angústias radicarem na importância excessiva que atribuímos aos nossos projectos e preocupações. Somos atormentados pelos nossos ideais, e por um sentimento magnânimo e punitivo da gravidade das nossas acções.'

Sem comentários:

‘Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better.’

‘Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better.’