ENTRE O PRAZER E O SIGNIFICADO

domingo, agosto 31

A arte de viajar 2

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‘Ao fim de umas quantas horas de devaneio ferroviário, experimentaremos a impressão de termos regressado a nós próprios, ou seja, de termos retomado o contacto com os afectos e as ideias que fundamentalmente importam.

Não tem de ser necessariamente em casa o lugar onde nos encontramos melhor a nós próprios. Os móveis reiteram a impossibilidade de mudarmos, uma vez que também eles não mudam; o quadro doméstico amarra-nos às pessoas que somos na vida quotidiana, mas que poderão muito bem não convir à esssência do que somos.’

Alain de Botton
Fotos de PalhaçoVoador. Toscana - Itália. Agosto. 2008


quinta-feira, agosto 28

A arte de viajar

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'Nenhuma passagem de um lugar a outro a uma velocidade de cem milhas por hora nos poderá tornar mais fortes, mais felizes, ou mais sábios. Há sempre no mundo mais coisas do que as que podem ver os homens, ainda que caminhem muito devagar; não as verão melhor por andarem mais depressa.

As coisas realmente preciosas são uma questão de pensamento e de visão, não de velocidade. Uma bala não passa a ser boa por ser rápida, e o ritmo lento não diminuirá um homem, que seja realmente um homem, uma vez que a glória deste não está no seu andar mas no seu ser.'


John Ruskin
Fotos de PalhaçoVoador. Toscana - Itália. Agosto. 2008

quarta-feira, agosto 6

Homo Faber 26

Ahmad Masood
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‘Em muitas ocasiões afirmei que a nossa procura da felicidade é frequentemente dilacerante, porque somos movidos por dois desejos contraditórios: o bem-estar e a superação.
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Precisamos de estar confortáveis e precisamos de criar alguma coisa de que nos sintamos orgulhosos, e pelo qual nos sintamos reconhecidos. Uma actividade que dê um sentido à nossa existência, por muito ilusório que esse sentido seja. Temos, pois, que harmonizar desejos contraditórios. Precisamos de construir a casa e descansar nela. Precisamos estar refugiados no porto e a navegar. Agora posso completar a descrição. Aspiramos a fugir da angústia e a enfrentá-la.
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A procura obsessiva do bem-estar fomenta o medo, converte-nos a todos em submissos animais domésticos, e a submissão é a solução confortável – e por isso amnésica – do receio.
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A valentia, pelo contrário, liberta-nos, mas – incómoda contrapartida – faz-nos perder parte do bem-estar. Faz despertar no gato modorrento o felino livre que vive, sem dúvida, menos cómodo, sem aquecimento, sem cestinho, sem comida pronta, e sem afagos. Lança-nos ao descampado, que é o território da liberdade e da criação’.


José António Marina, O Medo

terça-feira, agosto 5

A Poética de um Clown 26


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Fotos de PalhaçoVoador. Vigo. Agosto. 2008




‘Finding one's own clown, in other words a unique idiotic character, is an important moment in a student's life. It's good to do this when everybody knows each other, likes each other and it helps when everybody is ready to let idiotic, silly, mad things burst out because the pleasure of being together has been great. The way in which the clown plays is very special. He uses not only his normal virtuosity as an actor, but also the frequent appearance of a playmate: the flop. In my school, we call him Mr Flop, because we treat him with a hell of a lot of respect. It is funny that playing with Mr Flop happens at the end after many, many other flops that weren't at all deliberate, that weren't playmates then.

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Mr Flop says to the clown: "Salvage what you can." So the clown lets the audience see the great delight of a child who wants to stay on the stage, and who lets out a very special yell. We still love him. He has saved the show. This childish pleasure is like that of one of my sons who when I ask him to go to bed because it is late and friends are there drinking and having fun around the table, goes off muttering that none of this is fair and he is not tired. Five minutes later he's back again, hugging the walls, hiding behind the furniture, the curtains. He will pop out soon. He will let out a very special yell and show his great desire to stay. OK - ten minutes but no more.If the pleasure in staying is great, then the clown is forgiven. He's allowed to be no good over and over. If the pleasure is not great, the clown will look like someone ashamed at being no good. He won't be loved. '

Philippe Gaulier
MundoClown 2008




‘Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better.’

‘Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better.’