ENTRE O PRAZER E O SIGNIFICADO
domingo, setembro 28
terça-feira, setembro 23
Setembro
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'Setembro é o teu mês, homem da tarde
anunciada, em folhas, como uma ameaça.
Ninguém morreu ainda e tudo treme já.
Ventos e chuvas rondam pelos côncavos dos céus
e brilhas como quem no próprio brilho se consome (...)'
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'Setembro é o teu mês, homem da tarde
anunciada, em folhas, como uma ameaça.
Ninguém morreu ainda e tudo treme já.
Ventos e chuvas rondam pelos côncavos dos céus
e brilhas como quem no próprio brilho se consome (...)'
Relatório e Contas, de Ruy Belo
Foto: Tímea Belényesi
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terça-feira, setembro 16
Cidade Aberta
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Fotos de PalhaçoVoador. Roma. Agosto. 2008
Fotos de PalhaçoVoador. Roma. Agosto. 2008
sexta-feira, setembro 5
Homo Faber 27
krzysztof ludwig
‘A valentia é a virtude do desapego, porque nos permite passar do orbe da natureza, submetido ao regime da força, para o orbe da dignidade, que está por fazer (...). É também a virtude da fidelidade ao projecto, porque nos permite preservar nele apesar de tudo. Para que cumpra essas funções, devo transfigurar as minhas faculdades naturais em faculdades éticas, a ferocidade em valentia, a razão egoísta em razão partilhada, e estes saltos de fase são difíceis.
A esta altura do livro, oiço com clareza a música e vejo a coreografia, mas, serei capaz de a dançar? Pensar é tão simples e agir tão complicado! Abandono, pois, o aprazível refúgio da escrita e vou treinar com o resto dos bailarinos. Espero que quando o cansaço ou os medos ou os chamamentos da facilidade aparecerem, tenha já os recursos suficientes para não me esquecer do grande projecto.
Entretanto, animar-me-ei a mim mesmo recitando um poema de Yeats, que nos fala de um sonho:
Oh corpo curvado pela música,
Oh, olhar iluminado!
Como poderíamos distinguir
O dançarino da dança?’
A esta altura do livro, oiço com clareza a música e vejo a coreografia, mas, serei capaz de a dançar? Pensar é tão simples e agir tão complicado! Abandono, pois, o aprazível refúgio da escrita e vou treinar com o resto dos bailarinos. Espero que quando o cansaço ou os medos ou os chamamentos da facilidade aparecerem, tenha já os recursos suficientes para não me esquecer do grande projecto.
Entretanto, animar-me-ei a mim mesmo recitando um poema de Yeats, que nos fala de um sonho:
Oh corpo curvado pela música,
Oh, olhar iluminado!
Como poderíamos distinguir
O dançarino da dança?’
quinta-feira, setembro 4
A arte de viajar 4
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Alain de Botton
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‘O prazer que extraímos das viagens talvez dependa mais do estado de espírito com que as empreendemos do que do destino que lhes fixamos. (...) O que vem, então a ser um estado de espírito de viajante? Podemos dizer que a receptividade é a sua característica fundamental. Aproximamo-nos de cada lugar humildemente, sem ideias preconcebidas sobre o que possam ter de interessante.'
‘De Maistre tentou arrancar-nos à nossa passividade. No segundo volume que dedica à viagem de quarto, Expedição Nocturna à Volta do Meu Quarto, conta-nos que foi à janela e olhou para o céu anoitecido (...)“Como são poucas as pessoas que gozam neste momento deste espectáculo sublime que o céu inutilmente oferece à humanidade entorpecida! Que custaria aos que saíram para dar um passeio ou regressam do teatro, olharem para o alto por um momento, admirando o brilho das constelações por cima das suas cabeças?” A razão por que a maior parte de nós não olha está no facto de nunca o ter feito antes. Caímos no hábito de considerar aborrecido o nosso universo – e o universo acaba por corresponder a essas nossas expectativas.’
‘De Maistre tentou arrancar-nos à nossa passividade. No segundo volume que dedica à viagem de quarto, Expedição Nocturna à Volta do Meu Quarto, conta-nos que foi à janela e olhou para o céu anoitecido (...)“Como são poucas as pessoas que gozam neste momento deste espectáculo sublime que o céu inutilmente oferece à humanidade entorpecida! Que custaria aos que saíram para dar um passeio ou regressam do teatro, olharem para o alto por um momento, admirando o brilho das constelações por cima das suas cabeças?” A razão por que a maior parte de nós não olha está no facto de nunca o ter feito antes. Caímos no hábito de considerar aborrecido o nosso universo – e o universo acaba por corresponder a essas nossas expectativas.’
Alain de Botton
Fotos de PalhaçoVoador. Itália. Agosto. 2008
terça-feira, setembro 2
A arte de viajar 3
‘Tenho a obsessão de inventar histórias para as pessoas com quem me cruzo de passagem. Uma curiosidade imperiosa impele-me a inquirir para comigo o que serão as suas vidas. Quero saber-lhes a profissão, a nacionalidade, o nome, e saber o que estão a pensar nesse momento, o que lamentam, o que esperam, os seus amores passados, os seus sonhos presentes...
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E quando se trata de uma mulher (sobretudo, ainda mais ou menos jovem), o impulso torna-se cada vez mais intenso. Que vontade imediata de a ver nua – tens de o admitir –, e nua até ao coração. O que não serás capaz de fazer para saber de onde vem, para onde vai, e por que razão está aqui justamente e não noutro lugar! Enquanto o teu olhar vagueia à sua volta, imaginas-lhe aventuras, conjecturas-lhes os sentimentos mais profundos. Pensas no quarto que há-de ser o seu, em mil e uma outras coisas ainda...’
Flaubert
Fotos de PalhaçoVoador. Arezzo e Florença. Agosto.2008
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