----'Há princípios estruturais que satisfazem a humanidade desde tempos imemoriais e esses encontram-se sempre no “desenho clássico”. Todos os grandes contadores de histórias, dos gregos a Shakespeare, Bergman, Fellini ou Godard, usaram o desenho clássico, todos eles jogaram com o conflito humano básico entre as expectativas e o confronto com a realidade. Ou, dito de outro modo, o conflito entre os nossos desejos e a capacidade que temos, ou não, para encontrar formas de ultrapassar e gerir os obstáculos.
Se a função vital do cinema é espelhar a alma humana e funcionar como metáfora da nossa própria vida, Robert McKee acredita ainda que este objectivo só é realmente conseguido através de uma estrutura clássica onde acompanhamos ao longo da acção o percurso de um protagonista através do conflito, angustiando-nos a par e passo com os seus medos e desejos e com as decisões arriscadas que terá de tomar, até encontrar a sua própria verdade ou humanidade.
Um argumento tem de ser a história de uma transformação e de como pode dar-se essa transformação na vida de uma personagem – de amorfo para herói da sua própria causa, de ninguém para alguém.
A história começa num momento de relativo equilíbrio na vida do protagonista, quando se dá um incidente – o incidente catalisador – que abala a sua vida. E prossegue com a luta para restaurar o equilíbrio, a procura de recursos, os embates contra os obstáculos, o medo, a necessidade de tomar decisões difíceis apesar dos riscos e finalmente a resolução.'
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A propósito do seminário Story de Robert McKee in Notícias Magazine
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Foto de PalhaçoVoador. Porto - Serralves . Setembro. 2008
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