ENTRE O PRAZER E O SIGNIFICADO

domingo, setembro 20

O Grande Teatro do Mundo 28

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'MANSARDA'

CIRCOLANDO

TECA

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Aqui eu fui feliz aqui fui terra

aqui fui tudo quanto em mim se encerra

aqui me senti bem aqui o vento veio

aqui gostei de gente e tive mãe

em cada árvore e até em cada folha

aqui enchi o peito e mesmo até desfeito

eu fui aquele que da vida vil se orgulha

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Ruy Belo

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'Casa purificada, paisagem em construção. Múltiplos troncos, pequenos e grandes – alguns tão grandes que é possível viver toda uma vida lá em cima (...), o chilreio de pássaros que se deixa conduzir pelo sopro das mulheres, movimentos rápidos denunciam a entrada das estações, à neve sucede-se o sol e a ceifa...

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Numerosas medas de palha desenham uma dança colectiva, animada por foices imaginárias, e que em alguns momentos também é uma instalação; noutra cena, dois irmãos disputam o controlo de uma árvore num exercício rigoroso que tem vestígios de capoeira. Várias outras técnicas marcam presença de forma estilizada, como o trapézio, dançado num baloiço por dois adolescentes, numa cena trasbordante de ternura. De cântaros à cabeça, a austera peregrinação de velas torna-se uma prova de concentração (...).

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A gramática de movimentos é exímia e de uma riqueza assinalável: noutros momentos – a cena dos pássaros – esses mesmos corpos são dúcteis e esvoaçantes, leves e harmoniosos. Na poderosa cena do “homem-estendal”, os movimentos são torcidos e quebrados, para logo depois se tornarem elásticos, insinuantes, no quadro de sedução das mulheres que enfeitiçam os homens e os apanham nos fios da sua teia.

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Cantorias, um concerto impromptu, brindes à volta do garrafão, alguém que se engasga... Por esta altura, já os intérpretes estão completamente enlameados, numa mistura de terra, sal, palha e aguardente. Ainda vão desejar e conhecer mais água, porque a última dança acontece no mar, descoberto por alçapões de fantasia. E, depois da aguada, o devaneio continua, porque o signo é o da viagem e a casa é navegante. A água, em silêncio, embala os viandantes.'

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Mónica Guerreiro. Programa Teca.

Foto João Tuna




2 comentários:

Anónimo disse...

silêncio...escutem os sons da natureza...porque nela tudo se concentra...na Mansarda...tudo se harmoniza. Assim deveria ser a Vida. Sentimento.

Anónimo disse...

nos alçapões da nossa própria fantasia poderemos ser livres e encontrar aquele espaço mágico...é só preciso deixar a alma seguir o seu caminho...e pacientemente, ir...simplesmente...ir...

;)

‘Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better.’

‘Ever tried. Ever failed. No matter. Try Again. Fail again. Fail better.’